Com um aporte de US$ 7 milhões, setor deve iniciar, ainda este ano, projeto para melhorara imagem da bebida brasileira; José Luís Cutrale aposta em aumento de plantio de laranja

Podem parecer detalhes, mas situações simples do cotidiano como a mudança nos hábitos de café da manhã em família - agora, sem todos integrantes reunidos - trouxeram prejuízos para a indústria de suco de laranja.

José Luís Cutrale, presidente que emprestou o sobrenome a uma das maiores corporações do setor, estima uma queda média de 2,2% ao ano, cerca de 17% desde 2007, no consumo do mercado europeu, um dos mais promissores. Para reverter este cenário, foi assinado ontem (7) um contrato para a realização de um projeto de publicidade em toda a União Europeia que ajudar no fomento do consumo da bebida produzida no Brasil.

"[Nos últimos anos] houve queda em alguns mercados e crescimento em outros. Na média, o resultado é de uma pequena baixa", disse a jornalistas durante o Juice Summit, congresso internacional das indústrias de sucos, realizado na cidade belga de Antuérpia. O programa tem investimento inicial de US$ 7 milhões, com vigência de três anos, porém, renovável e início previsto para 2015.

Com um instinto claro de produtor rural, Cutrale mantém otimismo para as operações brasileiras. Para ele, a oferta e a demanda estão praticamente equilibradas, visto que os países emergentes têm apresentado potencial de crescimento no consumo. Soma-se a isso um patamar de preços praticados na média de US$ 5 por caixa e o câmbio favorável para a exportação, e a "laranja encontra mais um incentivo", comenta.

Neste cenário, apesar dos entraves econômicos do País, tais como o aumento nos custos de produção, o presidente acredita que o plantio da fruta deve avançar em toda a cadeia citrícola nas próximas safras. "No ano que vem nós devemos melhorar e 2017 deve ser o ano do Brasil", projeta. Com a nova campanha de fomento, acrescenta, produtores do mundo inteiro devem reviver os ânimos.

Mudança de estratégia

Com base na queda da demanda de suco na União Europeia, a consultoria Canadean aponta para as bebidas de maior valor agregado, dentre elas os sucos light, premium e funcio- nais, como as novas tendências de mercado que devem nortear as indústrias globais.

"Tivemos queda superior a 4% no consumo de suco em 2014, muito em função de uma publicidade negativa em relação ao volume de açúcares presentes. No Reino Unido temos um grande problema que precisa ser resolvido. Perdemos também na Alemanha e França. Agora, com os produtos premium - com menos açúcar e ácidos - o volume cai, mas melhora o valor do produto", explica o diretor da Canadean, Thorsten Hartmann.

Como as bebidas gaseificadas têm sofrido os mesmos problemas dos sucos, grandes players como a Coca-Cola e a Pepsi também apostam nas bebidas diferenciadas, ajudando a melhorar o volume de vendas de águas, por exemplo, com um percentual de suco.

Nova roupagem

Em parceria com a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), a Tetra Pak teve atuação direta na formulação do projeto de publicidade pois, de acordo com o diretor de marketing e serviços da companhia de embalagens, Alexandre Carvalho, ainda há enorme potencial para a indústria de sucos.

Veículo: Jornal DCI