Notícias do setor
Economia
Jurídico
Tecnologia
Carnes / Peixes
Bebidas
Notícias ABRAS
Geral
Redes de Supermercados
Sustentabilidade
Estaduais
 



Você está em:
  • Notícias do setor »
  • Bebidas

Notícias do setor - Clipping dos principais jornais e revistas do Brasil

RSS Bebidas

27/08/2014 12:02 - Champanhe Barons de Rothschild com exclusividade

Por Angela Klinke



Pela primeira vez a luz vermelha acendeu para o barão. Philippe de Nicolay Rothschild ficou com um contêiner refrigerado de champanhes esperando a liberação no porto de Vitória, no Espírito Santo. "Nada para se preocupar. Todo ano a Receita faz essa operação-padrão", diz ele, que, nestes quatro anos em que mora no país, se mostra bem ambientado e ciente dos trâmites locais. Nobre do ramo francês da secular família de financistas e criadores de vinhos, ele sabe que seu nome abre portas, mas se incomoda com o uso "fútil" de seu título. "Em pleno século XXI isso não significa mais nada. O Brasil é uma república. Hoje em dia não precisamos disso para ser reconhecidos, amados ou admirados."

Na carga preciosa retida estão 600 garrafas do recém-lançado champanhe extra brut Barons de Rothschild, sua "conquista pessoal" para o Brasil. "Tive de convencer meus sócios de que o país merecia 10% da produção. Por sinal, minha meta é que nos próximos três anos o país fique com 10% de todos os nossos champanhes, o blanc de blancs, o rosé, o brut, o extra brut e os 'safrados'. Nossa produção total hoje é de 400 mil garrafas."

Casado desde março com Cris Lotaif, diretora da Maison Dior no Brasil e mãe da blogueira Lelê Saddi, ele não tem problemas para que seus produtos conquistem as mais glamourosas rodas sociais do país. Mas, mesmo assim, está montando uma estratégia de marketing para reforçar os atributos de seus champanhes entre especialistas e consumidores, com destaque para a garantia de procedência e a relação qualidade-preço. "Não somos uma casa que faz milhões de garrafas como muitas que atuam no mercado. O extra brut, por exemplo, vai custar R$ 330, muito menos que os concorrentes na mesma categoria."

Para novembro está prevista a chegada do blanc de blancs 2006, que, conta ele, ainda nem foi engarrafado. "Os últimos testes serão feitos no começo de setembro. Na França, será lançado em outubro e logo na sequência virá para cá. No total, serão somente 7 mil garrafas para durar dois anos. Não teremos o 2007 porque a safra não foi boa." Para o Brasil, só 300 unidades. Por ser "safrado" e com tiragem limitada, custará em torno de R$ 2 mil. Cota para abrilhantar poucas festas bacanudas por aqui.

Os champanhes não são os únicos produtos que ele está trazendo da França. Por meio de sua importadora PNR, aberta em setembro, Philippe tem hoje 29 vinhos no catálogo (veja matéria abaixo). Ele acaba de firmar, por exemplo, um acordo com a rede de supermercados St. Marché para vender os champanhes e alguns rótulos mais simples como a coleção Réserve Spéciale Lafite Rothschild (em torno de R$ 80). Para tanto, ele terá garantido um espaço mais "luxuoso" nas gôndolas para expô-los.

Entre os aficionados, contudo, o champanhe é o mais recente frisson por ser fruto de uma parceria estrelada e inédita. Pela primeira vez as três frentes vinícolas da família se uniram num projeto. Philippe faz parte do grupo Lafite, do mitológico Château Lafite, que tem dez familiares como sócios e é capitaneado pelo primo Eric. Completam o triângulo das borbulhas sua prima Philippinne de Rothschild, do também icônico grupo Mouton Rothschild e o outro primo, Benjamin Rothschild, do Château Clarke. "Cada parte detém exatamente a mesma fatia do negócio, 33, 33%", garante. E o investimento? "Não divulgamos de jeito nenhum."

Durante dez anos, a família brigou na Justiça para proibir o uso do sobrenome famoso num champanhe feito por Alfred Rothschild, homônimo que não faz parte do clã. "A Justiça reconheceu que essa era uma marca nossa." A partir daí, decidiram empreender na região, onde não tinham nenhum palmo de chão. As propriedades francesas de vinho da família se concentram na região de Bordeaux.

Começaram em Champagne em 2004 e estrearam no mercado em 2011. A vinícola fica no vilarejo de Vertus, mas até agora só conseguiram comprar meio hectare na região que, por sinal, está sendo todo replantado. Para dar conta da produção e da qualidade, fecharam contratos de longo prazo com os viticultores locais para garantir o fornecimento de matéria-prima. "Enquanto a lei estabelece que o champanhe descanse pelo menos oito meses, os nossos ficam em média quatro anos na adega. Estamos interessados em qualidade, não em quantidade. Queremos estar entre os quatro melhores do mundo, ao lado de Krug, Bollinger e casa Roederer, que faz o Cristal."

Em 2012, as primeiras garrafas dos champanhes Barons de Rothschild chegaram ao Brasil por meio da importadora Vinci. "Eu comprei as últimas garrafas deles para mim mesmo. Daqui para a frente a exclusividade é da PNR." Na ocasião, quando aportaram no mercado, Philippe ainda estava num período sabático no Brasil e nem sabia o que ia fazer por aqui.

A primeira vez que desembarcou no país foi como turista na década de 80, no Rio. No entanto, foi nas férias em Trancoso, na Bahia, em 2009, que ele decidiu que queria fincar bandeira. Estava hospedado no Club Med e não sossegou até encontrar um terreno na região. Construiu uma casa de veraneio lá e em 2010 comunicou ao irmão mais velho, David, presidente do banco Group Rothschild, que estava deixando seu cargo de chefão da "asset" em Paris, onde cuidava do mercado asiático.

"Entendi que tinha acabado minha história na Europa e queria ir para o Novo Mundo. Mas da China eu não gostava. O Brasil era a escolha natural, é um país primo da França." Durante os dois primeiros anos em São Paulo, admite que não fez "absolutamente nada". Mas aí, em 2013, decidiu-se por montar a importadora e finalmente trabalhar com vinhos.

"Eu praticamente nasci dentro de tonel", brinca. Quando tinha 11 anos, seu pai, Guy, permitiu que tomasse vinho pela primeira vez. "Foi um Lafite de 1911 para fazer referência à minha idade. É difícil começar com um vinho tão complexo, mas lembro que por ser tão envelhecido era muito gostoso e eu adorei." Por mais que tenha treinado o paladar com o que de melhor a família poderia oferecer, sua carreira caminhou para outro lado.

Para começar, foi estudar ciências políticas na Universidade da Califórnia. "Nada a ver com que eu faria depois, mas foram anos muitos felizes por lá, entre 1975 e 1979. O mais importante é que aprendi a entender os americanos, coisa que os franceses têm dificuldade." Muitas vezes fechou negócios em razão dessa proximidade com o "american way of life". "No meio de uma negociação em Cleveland, por exemplo, comentei o desempenho de um jogador de futebol americano do Cleveland Browns e eles viram que eu sabia do que estava falando. Isso facilitou tudo."

Assim que deixou a universidade, foi trabalhar numa metalúrgica da família, cuidando do transporte da matéria-prima. "O Brasil era um dos nossos principais fornecedores. Lembro-me de que trazíamos chumbo da Bahia para ser transformado." Mas, então, veio o governo socialista de François Mitterrand: "Todas as nossas empresas foram estatizadas, inclusive o banco. E, como eu não queira trabalhar para o Estado, fui para Londres". Foi quando começou sua carreira financeira na "asset" do ramo inglês da família, no NM Rothschild & Sons. Voltou em 1990 para trabalhar no banco de investimentos, fusão e aquisição que seu irmão David havia criado e, a propósito, acabou por se fundir anos depois ao braço financeiro britânico dos Rothschild.

Ele é o filho do meio ou o "presunto, o recheio", como gosta de dizer. Philippe trabalhou mais de 30 anos na área financeira, como fez seu pai e faz David. O caçula Edouard é hoje o principal acionista do jornal "Libération". Para seus dois filhos, François e Guy, que estudam respectivamente na Inglaterra relações internacionais e marketing, garante, não há pressão. "Só vão trabalhar nos negócios da família se quiserem. Como são inteligentes, o grupo ganharia com eles."

Philippe está em outra fase da vida, com menos obrigações. Curtindo, por exemplo, seu quarto casamento. "Quando conheci a Cris, ela estava casada. Mas aí se divorciou, a chamei para uns jantares e o resto é história", diz, rindo. O Brasil lhe fez muito bem, admite. "É um país fantástico." Seu português é fluente e, vez ou outra, solta alguns palavrões para mostrar quanto está ambientado.

Depois de quatro anos, faz até previsões políticas. "Pelo jeito o próximo presidente será uma mulher", comenta sobre a entrada de Marina Silva na disputa presidencial com Dilma Rousseff. Obviamente, prefere uma condução liberal da economia, seja a cargo de Arminio Fraga (Aécio Neves) ou de Eduardo Giannetti (Marina Silva). "Mas, ainda que esteja num momento complicado, o Brasil ainda está bem melhor que muitos países europeus." Com 59 anos, completados em 1º de agosto, há algum arrependimento? "Non, je ne regrette rien."




Veículo: Valor Econômico

Enviar para um amigo
Envie para um amigo
[x]
Seu nome:
E-mail:
Nome do amigo:
E-mail do amigo:
Comentário
 

 

Veja mais >>>

06/02/2024 12:05 - Carnaval aquece as vendas de bebidas nos supermercados
05/02/2024 17:31 - Carnaval aquece as vendas de bebidas nos supermercados
05/02/2024 17:19 - Consumo do café no Brasil registra um aumento de 1,64% em 2023
10/01/2024 17:45 - Empresa do ramo lácteo anuncia novo presidente
13/10/2023 10:28 - Supermercadista: você é corresponsável pelo café que vende!
30/08/2023 17:19 - Reservado Concha Y Toro inova e lança sua linha suave
30/08/2023 17:16 - Empresa mobiliza mais de 10 estados em programa de voluntariado
24/08/2023 16:34 - Cervejaria abre vagas para mulheres na área de empilhadeiras
11/08/2023 16:22 - Demanda por cerveja sem álcool faz cervejaria ampliar fábrica
07/08/2023 16:53 - Hoje é Dia da Cerveja! Empresa produtora anuncia novidade
03/08/2023 16:57 - Start up começa a fornecer vinhos para supermercados
19/07/2023 10:47 - The Coca-Cola Company anuncia nova presidente para América Latina
05/06/2023 15:33 - Grupo Heineken lança programa para neutralizar emissões de carbono até 2040
05/06/2023 15:25 - Pérgola comemora 9 anos consecutivos como o vinho mais vendido no Brasil
02/06/2023 10:20 - Vinícola reduz 99% dos herbicidas em seus vinhedos

Veja mais >>>