Por Fernando Lopes e Camila Souza Ramos | De São Paulo



Divulgadas no fim da semana passada, as duas estimativas privadas mais aguardadas pelo mercado sobre a produção de laranja na Flórida na safra 2014/15 passaram a oferecer maior sustentação às cotações do suco no mercado internacional. O Brasil responde por mais de 80% das exportações globais da bebida.

Na sexta-feira, a respeitada consultora independente Elizabeth Steger calculou, com base em diversas informações de campo coletadas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que a colheita ficará em cerca de 89 milhões de caixas de 40,8 quilos. Eventuais variações tendem a ficar no intervalo de 86,3 milhões a 99,5 milhões de caixas.

Se confirmado, será o menor volume desde o ciclo 1964/65, quando, segundo o USDA, a produção da Flórida ficou em 95,9 milhões de caixas. O órgão calcula que a produção de 2013/14 tenha sido de 104 milhões, ante 133 milhões do ciclo passado.

Na sexta-feira, a Louis Dreyfus divulgou que prevê para 2014/15 no Estado que reúne o segundo maior parque citrícola do mundo 96,6 milhões de caixas. Na bolsa de Nova York, onde os contratos futuros de segunda posição de entrega já haviam subido 2,2% na quinta-feira, registraram mais uma alta, de 1%.

Assim, pelo menos momentaneamente, esse choque de oferta sobrepujou, na formação dos preços em Nova York, a inabalável tendência de queda do consumo de suco de laranja no grande varejo americano.

Isso apesar de a produção em São Paulo e no Triângulo Mineiro, onde estão situados os pomares comerciais que abastecem as grandes indústrias de suco, dar sinais de que ficará em um nível novamente "comportado" em 2014/15 (abaixo de 300 milhões de caixas), após as duas supersafras de 2011/12 e 2012/13.

Para não amarrar as margens das indústrias apenas aos choques de oferta na Flórida - por problemas climáticos ou pelo avanço da doença conhecida como greening -, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) apresentará amanhã a suas filiadas (Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus) uma nova campanha para promover a bebida na Europa.

Em parceria com a Associação Europeia de Sucos de Frutas, que reúne empresas como Coca-Cola, Pepsi e Tetrapak - a múlti sueca de embalagens -, a CitrusBR pretende investindo € 500 mil em uma campanha assinada pela agência Porter Novelli para tentar alavancar o consumo de sucos em geral no mercado europeu, principal destino das exportações brasileiras de suco de laranja.




Veículo: Valor Econômico