O peso da carga tributária, somado ao fim das exportações e à chegada do inverno, tem dificultado os negócios da Hidrobrás Águas Minerais do Brasil Ltda, detentora das marcas Ingá e Suiá, localizada em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Apesar do desaquecimento do negócio que, segundo o diretor da empresa, Robison Fortes de Araújo, tem afetado todo o setor, a Hidrobrás prevê para este ano resultado até 5% superior ao registrado em 2010. O faturamento não foi revelado.

O executivo, que atua também como delegado da regional Minas Gerais da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), explicou que o segmento tem sido afetado pela cobrança da alíquota de 18% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Ele disse que o gargalo é ainda maior porque a substituição tributária não se aplica às engarrafadoras de água mineral.

Além do cipoal tributário, as engarrafadoras mineiras precisam competir com as paulistas que têm intensificado presença no Estado. Conforme Araújo, Minas possui 62 empresas do ramo, enquanto São Paulo tem 170.

Exportações - Outra preocupação do setor gira em torno das exportações. Até 2009, parte da produção da Hidrobrás era comercializada para os Estados Unidos, porém, a valorização do real frente ao dólar impediu a continuidade das vendas para o exterior. Embora países asiáticos tenham manifestado interesse pelos produtos da empresa mineira, o diretor descarta a hipótese, pelo menos temporariamente. "Para que a operação compense, o dólar precisa estar valendo, no mínimo, R$ 1,80", pontuou.

Aparentemente pouco favorável ao segmento, o cenário atual pode ficar, de acordo com Araújo, mais delicado para as engarrafadoras de água mineral. Isso porque o setor teme a Lei nº 10.220 sancionada na última semana pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. A medida regulamenta a atividade de motofrete na Capital e vai modificar, entre outros, o transporte de galões de água mineral pelos motoboys.

Como delegado da Abinam, Araújo acredita que a possibilidade de uso de um compartimento específico para o transporte de carga vai gerar transtornos e interferir diretamente na logística do setor. "95% das entregas de águas são feitas por motos. Achamos que a lei tem que ser revista", enfatizou.

Considerando o panorama atual, a Hidrobrás desacelerou os investimentos. Para este ano, estão reservados aportes apenas em pequenas adequações estruturais.

Produção - A Hidrobrás ocupa uma área de 46 hectares dentro de um terreno de 5 mil hectares da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). A empresa, que tem 39 anos de mercado, não revela o volume de produção, entretanto, o diretor disse que a empresa dispõe de 1,2 milhão de litros de água/dia para serem engarrafados. Conforme Araújo o negócio mantém quatro fontes subterrâneas e esse volume pode dobrar caso seja necessário.

Ele explicou que a Hidrobrás possui capacidade instalada suficiente para atender à demanda por, pelo menos, mais 5 anos. Isso, segundo ele, é conseqüência dos custos e dos riscos de contaminação da água no momento de troca de maquinário.

A capacidade ociosa toma proporção ainda maior durante o inverno, quando tradicionalmente a fabricação da planta cai cerca de 40%, acompanhando o ritmo das vendas. Durante a estação, parte dos 200 colaboradores da corporação é aproveitada para serviços gerais.

Veículo: Diário do Comércio - MG