Bebidas
09/10/2008 09:34 - O elo perdido do vinho brasileiro: quo vadis, uva?
Os tintos nacionais pegaram um atalho para a modernidade. Mas terá sido bom?
Uma coisa estranha aconteceu nessa viagem entre Viamão e o mundo. Algum desvio na estrada. Em três décadas o vinho brasileiro ganhou mercado, visibilidade, respeito e avançou tecnicamente. Mas perdeu algo, uma noção de origem. Não vamos cair no simplismo de achar que a tecnologia amesquinha a complexidade, nem no exagero contrário de pensar que quanto maiores as instalações, melhores vinhos. Nada de emprestar virtudes éticas ao que é mero estético. Nem o luxo dos châteaux, nem a rusticidade do camponês garantem qualidade. Vinho bom é avaliado na taça.
A grande questão que os vinhos de Oscar Guglielmone provocam é de outra natureza: se um terroir pouco considerado como Viamão - fora das regiões produtoras consagradas, como a serra gaúcha - foi capaz de dar vinhos com tal longevidade e elegância, por que desapareceram produtos assim do nosso mercado?
É compreensível que a indústria quisesse crescer. Quem faz vinhos quer vendê-los, não é um passatempo. Então o crescimento, os investimentos em tecnologia e toda a melhora do ambiente tanto no Sul quanto no sertão são bem-vistos e desejáveis. Mas houve uma perda: abandonou-se quase por completo a produção com um perfil menos imediatista, vinhos para guarda, que reflitam os acidentes de cada ano, tanto climáticos quanto agrícolas. Em resumo, os vinhos de autor e de terroir.
O vinho brasileiro médio chegou a um patamar australiano, não há mais os defeitos horríveis de décadas passadas e nem variações: são vinhos de boa fruta, jovens, para beber sem pensar e atingindo sua finalidade primeira de matar a sede. Mas são só isso. E os grandes vinhos, os tops, feitos com mais ambição, ainda não atingiram a qualidade complexa de um Adega Medieval. O Brasil continua capaz das duas coisas, bons vinhos perfeitos, bons vinhos rústicos. E de maus vinhos também. Mas poucos dizem de onde saíram com clareza e pouquíssimos têm tamanha longevidade.
Em que parte da estrada entre Viamão e o contemporâneo a sedução do atalho fez que o vinho brasileiro tomasse a estrada mais rápida e veloz e deixasse o tanto que teria ganhado na viagem lenta até o dia de hoje? Não saberemos. A suposição permanece improvável. Entretanto, os vinhos de Guglielmone, para quem os puder provar, mostram que ainda há um vinho brasileiro a ser feito, ou recuperado, não antagônico ao produto vigente, mas outra coisa. Nem melhor, nem pior: complementar.
A tarefa da indústria brasileira de vinhos seria utilizar a trilha esquecida. Não é preciso abandonar a velocidade, nem a rodovia, mas reencontrar autenticidade. Nem é tão difícil assim: a estrada ainda existe. E ela conduziria o vinho brasileiro a uma coisa que ainda não tem, um verdadeiro lugar no mundo, algo como uma impressão digital.
Veículo: O Estado de S.Paulo

Veja mais >>>
06/02/2024 12:05 - Carnaval aquece as vendas de bebidas nos supermercados05/02/2024 17:31 - Carnaval aquece as vendas de bebidas nos supermercados
05/02/2024 17:19 - Consumo do café no Brasil registra um aumento de 1,64% em 2023
10/01/2024 17:45 - Empresa do ramo lácteo anuncia novo presidente
13/10/2023 10:28 - Supermercadista: você é corresponsável pelo café que vende!
30/08/2023 17:19 - Reservado Concha Y Toro inova e lança sua linha suave
30/08/2023 17:16 - Empresa mobiliza mais de 10 estados em programa de voluntariado
24/08/2023 16:34 - Cervejaria abre vagas para mulheres na área de empilhadeiras
11/08/2023 16:22 - Demanda por cerveja sem álcool faz cervejaria ampliar fábrica
07/08/2023 16:53 - Hoje é Dia da Cerveja! Empresa produtora anuncia novidade
03/08/2023 16:57 - Start up começa a fornecer vinhos para supermercados
19/07/2023 10:47 - The Coca-Cola Company anuncia nova presidente para América Latina
05/06/2023 15:33 - Grupo Heineken lança programa para neutralizar emissões de carbono até 2040
05/06/2023 15:25 - Pérgola comemora 9 anos consecutivos como o vinho mais vendido no Brasil
02/06/2023 10:20 - Vinícola reduz 99% dos herbicidas em seus vinhedos