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22/05/2020 15:35 - O novo plano da Amazon no Brasil: conquistar os pequenos varejistas

Uma das maiores empresas e varejistas no mundo, a Amazon ainda tem uma participação tímida no Brasil. Nos últimos anos, expandiu sua atuação no país entrando em novas categorias além de livros e eletrônicos e com serviços como Prime e Alexa, mas, por enquanto, brasileiras dominam o comércio eletrônico no país.

Na quarentena, a Amazon busca expandir ainda mais o número de categorias em que atua e fortalecer a presença em itens de maior recorrência. Além disso, quer ser uma plataforma também para as vendas de pequenas e médias empresas.

Para isso, a Amazon Brasil lançou uma página para ajudar varejistas pequenos e médios a começarem a vender pela internet. Há tutoriais básicos sobre como se cadastrar e começar a vender, como atender clientes e webinars gratuitos sobre vendas. Há ainda comentários de outros varejistas que já usam a estrutura da Amazon para a troca de experiências.

“Tem muita gente precisando vender no online agora. Organizamos as informações e tutoriais de forma simples para isso”, diz o diretor de varejo da Amazon Brasil, Daniel Mazini, em entrevista à Exame.

O marketplace, que permite que diversos vendedores usem a plataforma de comércio eletrînico da Amazon, foi lançado mundialmente há 20 anos. No mundo, cerca de metade das vendas vem de outros vendedores que não a própria Amazon. Por aqui, a gigante americana passou muitos anos vendendo apenas produtos próprios, nas categorias de livros e eletrônicos. Há cerca de três anos, lançou o marketplace, entrou em novas categorias de produtos, trouxe sua assistente virtual Alexa para o Brasil e lançou o serviço de assinatura Prime, que oferece frete grátis e acesso a serviços como Prime Vídeo e Música.

No mundo, para atender à crescente demanda por produtos, a empresa contratou quase um milhão de trabalhadores, mas também teve de lidar com protestos sobre a segurança em seus armazéns, enquanto relatava a morte de vários de seus funcionários. A empresa se comprometeu a destinar, neste trimestre, pelo menos 4 bilhões de dólares para a luta contra o novo coronavírus, o equivalente aos lucros que prevê para este período. A Amazon mantém seu valor de mercado em níveis recordes, perto de US$ 1,2 trilhão.

Entrada de novos vendedores

Com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de quarentena e distanciamento social, muitos varejistas se viram sem suas lojas físicas e passaram a vender pela internet. A varejista não abre números, mas diz que ganhou milhares de novos vendedores nas últimas semanas.

Parte importante dos novos vendedores fortalece categorias em que a empresa ainda estava engatinhando, como alimentos, beleza, limpeza e produtos para pets. Para facilitar as vendas de itens essenciais, como equipamentos de proteção e alimentos, a Amazon deu um desconto e a taxa de comissão de vendas é de apenas 5%.

Em alguns casos, como álcool em gel, a Amazon estava com dificuldade de encontrar fornecedores novos e homologá-los, por isso a entrada de novos vendedores também a ajudou a ter esses itens disponíveis para a venda.

Para Mazini, “tem vendedor que está ocioso, pois não tem mais o tráfego de clientes na porta da loja. Ele consegue transformar esse ócio em tempo para entrar no comércio eletrônico e despachar os produtos”. As pequenas e médias empresas, juntas, representam 96,6% dos negócios e contribuem para cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Além disso, elas são responsáveis pela maioria (52%) dos empregos formais. A estimativa do Sebrae é que de 20% a 25% das micro e pequenas empresas fechem por causa da pandemia.

Algumas mudanças, no entanto, precisa, ser feitas na rotina do novo empreendedor que passa a vender pela internet. Segundo Mazini, ao entrar em um comércio eletrônico os lojistas passam a competir não apenas com as lojas do mesmo bairro em que estavam, mas com o Brasil inteiro. Mudar o formato de frete, a precificação e ajustar a descrição e as fotos para tornar o produto mais atraente estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores no início.

Além disso, a entrega é um constante ponto de atenção. “Muitos vendedores offline não têm a rotina de enviar a mercadoria para ser despachada e agora na pandemia isso ficou ainda mais difícil”, diz Mazini. A Amazon aumentou o prazo de envio para três dias, mas diz que consegue entregar no prazo prometido em 95% dos casos.

Outra vantagem do fortalecimento de itens como alimentos e de higiene é a maior frequência de compras. Se eletrônicos e livros são adquiridos poucas vezes por ano, esses produtos têm uma recorrência muito maior. “Vemos pessoas comprando macarrão, molho, panela e escorredor. Conseguimos ver os ciclos de compra dos consumidores”, diz o diretor.

Aumentar as interações com os consumidores não é um desejo apenas da gigante Amazon, mas também de suas rivais brasileiras. No Magazine Luiza, o supermercado ganhou muita relevância para a empresa e o Mercado Livre, plataforma de marketplace, também acelerou as vendas em alimentos e itens de saúde.

De olho na logística

A Amazon também está reforçando seu time de logística. Além de contratações e treinamentos, aumentou os turnos de trabalho de dois para três em seus centros de distribuição em São Paulo e no Pernambuco.

Em termos de segurança, segundo Mazini, a empresa está fazendo até mais do que as obrigações impostas pela legislação brasileira. Nos centros de distribuição, criou processos de distanciamento entre os funcionários e implementou a medição de febre na entrada. Além disso, afirma que importou máscaras de proteção para todos os funcionários.

As áreas de convívio, como a cantina e o espaço de recreação, foram ampliadas para permitir maior distância entre os colaboradores. Itens grandes, como eletrodomésticos, deixaram de ser vendidos por algumas semanas. Como precisavam ser erguidos por duas pessoas, a empresa pensou em novas maneiras de movimentar esses itens nos armazéns com apenas uma pessoa e uma empilhadeira.

De acordo com o diretor, o comércio eletrônico se manterá relevante mesmo após o fim da quarentena e das medidas de distanciamento. “Não é todo mundo que ficará confortável ao sair na rua para fazer compras. Muitos vendedores também devem manter as lojas fechadas por um tempo para reduzir os custos fixos”, afirma.

 

Fonte: Exame 

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