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14/01/2019 10:27 - Presidente da ABRAS faz um balanço da última gestão e fala dos planos para 2019
Presidente da ABRAS, João Sanzovo Neto
O verbo lutar define muito bem o que foi a primeira gestão de João Sanzovo Neto à frente da Abras. Quando assumiu o comando da entidade, em janeiro de 2017, o País estava mergulhado em um delicado quadro recessivo que, naturalmente, afetou a confiança dos empresários e dos consumidores.
Naquela ocasião, o Brasil estava tentando sair de uma das maiores crises político-econômica da sua história, cujos desdobramentos afetaram, de maneira perceptível, o consumo. Afinal, para driblar a recessão, o brasileiro teve que cortar drasticamente seus gastos, com substituição de marcas e redução da lista de compras. Somente em três meses de 2017, as vendas dos supermercados apresentaram crescimento maior que 1%, feito registrado em setembro, novembro e dezembro.
Se não bastasse este desafio de proporção incalculável, o setor ainda teve pela frente outros ingredientes nada bem-vindos, como a crise da carne fraca, a paralisação dos caminhoneiros, a tabela de frete, dentre outras surpresas.
Segundo o próprio Sanzovo, com seu tom bem humorado de sempre, seu biênio na presidência da Abras foi premiado.
Mas foi diante de todo esse turbilhão que o setor obteve conquistas históricas e muito valiosas, como o decreto presidencial que tornou a atividade supermercadista essencial para a economia brasileira. Nesta Exclusiva, o presidente da Abras fala dos desafios enfrentados e das vitórias que o autosserviço saboreou nos últimos dois anos e compartilha os planos para o novo biênio e sua visão em relação aos rumos políticos e econômicos.
Qual o balanço que você faz sobre a sua primeira gestão à frente da Abras? Quais foram os principais passos dados pela entidade e quais as principais conquistas?
A nossa busca foi incessante para melhorar o ambiente empresarial e trazer mais competitividade para os supermercadistas. Fortalecemos a união com as nossas associações estaduais e o nosso engajamento com a Unecs e as atuações em conjunto com a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo, que nos deu força na conquista de demandas da Abras. Esse biênio foi muito importante para a história da nossa entidade e me sinto honrado em presidir a Abras em um dos mais importantes momentos para o setor, que foi o reconhecimento da atividade supermercadista como essencial da economia, em agosto de 2017. Uma conquista que colocou fim em 20 anos de luta.
Outra importante vitória, e que também estava na pauta da Abras há muito tempo, foi a modernização das leis trabalhistas, que incluía a aprovação do trabalho intermitente, que colocou o Brasil em igualdade com muitos países do mundo. Conseguimos a aprovação da terceirização, da lei do supersimples e ainda fechamos o ano com a aprovação do Refis das micro e pequenas empresas.
Também nesse mandato, celebramos 50 anos de história da nossa Abras, uma data muito significativa para todos que conhecem a nossa luta para melhorar a representatividade dos supermercados brasileiros, desde seu surgimento. Por tudo isso, posso dizer que esse biênio foi de fortes emoções, algumas ruins, mas outras tão boas que marcaram nosso setor para sempre, e essas lembranças são as que ficam, o resto é aprendizado!
Pessoalmente falando, quais foram os aprendizados que você teve com essa experiência? O que mais lhe marcou?
A Associação Brasileira de Supermercados é uma das mais fortes e representativas entidades de classe do Brasil e esse primeiro biênio foi um grande aprendizado. Uma das lições principais que levarei comigo sempre é a força da união do empresariado. Um objetivo isolado é somente um objetivo, mas a soma dos mesmos propósitos e de um trabalho em conjunto rende mais resultados.
E acho que é nessa direção que devemos caminhar, no estreitamento de parcerias, no diálogo saudável em prol dos mesmos objetivos. Nós, supermercadistas, temos muita força se permanecermos unidos, vimos isso com a idealização da União Nacional de Comércio e Serviços (Unecs), pelo presidente do nosso Conselho, Fernando Yamada, em 2014, que somou objetivos em comum do comércio e serviços e mostrou ao Brasil a representatividade desses setores. Sempre há espaço para debatermos e chegarmos a um caminho e é nisso que se baseia a minha gestão, nessa união em prol de um bem comum, da junção de forças e propósitos.
Quais são as lições que o ano de 2018 deixou para o setor supermercadista?
2018 foi o ano da resiliência. Começamos com boas expectativas, principalmente pelas projeções iniciais do mercado financeiro, e fomos percebendo que o cenário econômico não daria a guinada esperada para sair de vez do “buraco”. Nossa confiança levou um impacto com a paralisação dos caminhoneiros, que prejudicou nosso abastecimento. Foi um ano de muitos acontecimentos marcantes, como a Copa do Mundo, que movimentou nosso país e trouxe leve alívio para o mercado interno, além de eleições estaduais e federais, que impactaram na confiança dos brasileiros.
Passado isso, e com uma definição no quadro político, percebemos uma retomada, mesmo que ainda lenta, das boas expectativas do setor. Chegamos a 2019 com mais sabedoria e experiência e com a certeza de que somos mais fortes do que imaginávamos. Após uma tempestade, vem o arco-íris. Talvez, o nosso arco-íris ainda não esteja tão colorido, mas as expectativas são as melhores para os próximos anos e a nossa garra nos ajudará a enfrentar os obstáculos e a vencer.
Sua primeira gestão foi contemplada com a realização da reforma trabalhista. Passado pouco mais de um ano desta conquista, quais foram os efeitos para o setor?
Desde que a nova legislação trabalhista entrou em vigor, em novembro de 2017, foram criados mais de 372,7 mil postos de empregos formais em todo o País, segundo dados divulgados no começo de novembro passado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do extinto Ministério do Trabalho. No mesmo período, foram realizadas 47.139 admissões na modalidade de trabalho intermitente, gerando saldo de 35.930 empregos, envolvendo mais de 6,4 mil estabelecimentos. Além disso, o número de ações na Justiça caiu quase 40%, de acordo com dados divulgados em novembro pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Isso representa um grande ganho para o nosso setor, que sofria com prejuízos financeiros, muitas vezes, injustamente. A modernização trabalhista trouxe para o mercado formal os trabalhadores que estavam na informalidade, deu mais segurança jurídica às empresas, fortaleceu as convenções e os acordos coletivos de trabalho, favorecendo a negociação direta entre empregadores e as representações de trabalhadores. A nova lei ainda está em curso e devemos levar em conta que todo o processo também representa uma mudança comportamental da população. Acreditamos que ainda levará algum tempo para se consolidar de vez em nosso mercado, é um processo gradual.
Em novembro, o Ministério do Trabalho publicou a portaria nº 937, que inseriu a atividade supermercadista no quadro a que se refere o artigo 577 da CLT. Quais os efeitos práticos desta medida para o setor?
Antes da aprovação da portaria nº 937, os supermercados estavam enquadrados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como “varejo em geral”. Com essa portaria, passamos à atividade econômica “comércio varejista de supermercados e de hipermercados”. Isso nos dá maior representatividade e legitimidade legal para lutarmos pelo nosso setor.
Olhando para frente, quais são as previsões para o setor em 2019? O que deve favorecê-lo e o que demanda atenção por parte dos empresários do varejo?
O ano de 2019 começou com perspectivas renovadas. O Brasil está com um novo presidente da República, com uma Câmara e um Congresso bem pluralizado, uma diversificação de representantes histórica. As expectativas de que o novo presidente adotará uma agenda mais liberal, reduzindo o peso do Estado, com foco no desenvolvimento do Brasil e geração de emprego tem favorecido mais o otimismo dos empresários e impactado positivamente na esperança dos brasileiros. Isso favorece investimentos em todos os setores produtivos. Se não tivermos nenhuma crise externa e mantivermos a inflação estabilizada e a taxa básica de juros sob controle, teremos um ano de recuperação.
Mas não podemos deixar de lembrar que a nossa taxa de desemprego ainda é alta, atinge mais de 12 milhões de pessoas; o desequilíbrio fiscal do Brasil é um dos maiores dos últimos tempos e sem as reformas, principalmente a da Previdência, não conseguiremos impulsionar nosso crescimento.
Outro ponto importante que devemos destacar é que os varejistas precisam se atentar à evolução tecnológica pela qual estamos passando. Em diversos países do mundo o varejo já está anos luz à nossa frente e os empresários brasileiros precisam se conscientizar de que o tão esperado futuro já chegou e buscar adaptar suas lojas e seus serviços de acordo com as exigências dos consumidores, que querem conveniência, praticidade e qualidade no atendimento, com a junção do físico com o on-line.
Quais seus planos para o segundo mandato na presidência da Abras? Quais serão os pleitos defendidos?
O fortalecimento do setor, principalmente a união com todos os estados brasileiros por meio das nossas associações estaduais, é um dos objetivos. Pretendemos buscar mais apoio, por meio da Unecs, para a Frente Parlamentar do Comércio e do Serviço, uma grande conquista que tivemos, e que agora passa por mais um desafio, com a renovação do Congresso.
Dentre as principais demandas da nossa pauta estão: permissão para que os supermercados voltem a comercializar medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs), a redução dos juros bancários que tanto tem prejudicado a evolução empresarial do País e a aprovação da reforma da Previdência, um sistema com déficit crescente, que gera grande desequilíbrio nas contas públicas e ameaça a estabilidade da economia.
Além da manutenção da legislação trabalhista atual e adoção de novas medidas que possam contribuir para simplificar e modernizar as relações de trabalho, facilitando o empreender e a geração de emprego, trabalho efetivo na simplificação e racionalização das obrigações tributárias e administrativas.
Está começando o mandato de um novo governo. O que você espera dele e qual sua expectativa para a economia?
O governo de Jair Bolsonaro poderá trazer avanços muito importantes para o Brasil. Como já sinalizado pelo próprio presidente, seu governo tem tendência reformista e liberal e está comprometido com a responsabilidade fiscal e a eliminação do déficit público, um dos nossos maiores problemas e que impede a evolução econômica do País. Se isso realmente acontecer, iremos estimular os investimentos, a geração de emprego e, consequentemente, o Brasil voltará a crescer em ritmo mais acelerado.
Nas duas reuniões que tivemos com os representantes do governo, uma com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e outra com o ministro da Economia, Paulo Guedes, saímos otimistas porque vimos que a nova administração está disposta a investir em infraestrutura e considera o setor privado um forte aliado na evolução do País. Tudo o que nós queremos é um Brasil mais forte, com melhores condições econômicas, políticas e sociais para todos, com um mercado interno aquecido e cheio de oportunidades.
E, queremos atuar juntos com o novo governo para que isso se torne realidade. Analisando o cenário atual, para a economia esperamos que a taxa Selic continue controlada, a inflação moderada, e o PIB crescente. Pelas projeções do mercado financeiro, isso deve se confirmar neste ano e espero que nenhuma surpresa inesperada, principalmente vinda do exterior, nos prejudique nesse processo de recuperação.
Além disso, precisamos urgente das reformas, principalmente, da previdenciária e da tributária, não podemos continuar com tantos impostos para empreender. O ano de 2019 tem tudo para ser o ano da “volta por cima” e estamos confiantes nisso.
O novo governo demonstra grande disposição em realizar reformas tidas como indispensáveis para o País crescer. Para você, qual é a mais importante delas? Por quê?
Para se tornar uma nação mais desenvolvida e economicamente sustentável, o Brasil precisa de todas as reformas: previdenciária, tributária e política Mas, como o processo de revisão e reformulação de todos esses modelos atuais leva tempo e precisa ser feito como muita responsabilidade, ouvindo todos os que serão diretamente impactados, acreditamos que nesse primeiro momento, o déficit bilionário e crescente da Previdência, que tem agravado o desequilíbrio das contas públicas, torna essa reforma indispensável. Precisamos mudar nosso sistema previdenciário, que tem consequências diretas na infraestrutura do País, na carga tributária e na evolução do ambiente de negócios.
O que o País precisa fazer para garantir a confiança dos empresários e dos consumidores?
Os empresários precisam se sentir seguros para investir e isso depende do cenário econômico e político do País. A população precisa ter emprego, o País tem que gerar condições para que o consumo cresça sem que prejudique o orçamento. O fim da incerteza eleitoral e a expectativa de que o novo governo adotará uma agenda mais liberal, diminuindo o peso do Estado, vem gerando otimismo na classe empresarial, que tem anunciado vários investimentos significativos para este e os próximos anos.
Os empresários do autosserviço já se mostraram mais otimistas, de acordo com o Índice de Confiança do Supermercadista, elaborado pela Abras em parceria com a GfK Brasil, que em outubro, subiu 7 pontos. A pontuação chegou a 57,7 (numa escala de 0 a 100), ante 50,1 pontos registrados no bimestre de julho/agosto, maior resultado da série iniciada em janeiro/fevereiro de 2015. O ano de 2019 será decisivo na retomada da confiança, tanto do empresário quanto do consumidor.
As associações estaduais de supermercados têm um papel fundamental na missão de fortalecer e desenvolver o setor. De que maneira a Abras pretende ajudá-las nesta empreitada?
Para conquistarmos demandas que favoreçam o ambiente empresarial precisamos nos alinhar com todos os âmbitos (municipal, estadual e federal) e o apoio das nossas associações nesse processo é imprescindível. São responsáveis pela representatividade da Abras e do setor nos estados brasileiros. Além disso, por meio das feiras supermercadistas realizadas pelas associações estaduais, os supermercadistas se atualizam, recebem conhecimentos estratégicos sobre o varejo, antecipam tendências e se integram com os elos da cadeia de abastecimento.
O Brasil é um país muito grande e cada região tem suas peculiaridades, com diferentes padrões de consumo, impactado, principalmente, pelo regionalismo, e somente por meio da nossa união, do trabalho em conjunto com todos os estados brasileiros, por meio das nossas 27 afiliadas, teremos suporte para levarmos o desenvolvimento e a evolução para todos os supermercados do País.
Como você avalia o atual momento vivenciado pela Unecs e o que o setor pode esperar da agenda que será trabalhada neste ano?
A Unecs foi criada em 2014 com o objetivo de unir forças com as maiores instituições brasileiras em prol de demandas para fortalecer o setor de comércio e serviço no País. O trabalho da Unecs impulsionou o surgimento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (Frente CSE), que reuniu cerca de 300 parlamentares, entre deputados e senadores, para auxiliar na formulação de diretrizes de apoio ao comércio e serviço no Brasil.
Sem dúvida, essa união foi uma das mais importantes para o empresariado brasileiro, que passou a ter mais voz no Congresso Nacional. O trabalho para tornar a Unecs conhecida e respeitada no Brasil não foi fácil e demandou muita dedicação e perseverança. Hoje a entidade é uma das mais representativas e pujantes do País, e tem recebido a atenção de todos os elos governamentais. No ano passado, além das sete entidades iniciais (Abras, Abad, Abrasel, Alshop Anamaco, CNDL e CACB) somamos forças com a chegada da Afrac, e juntas temos uma das maiores representações do comércio varejista do Brasil.
A parceria com a Unecs deu força ao setor supermercadista e nos auxiliou em grandes conquistas, como o reconhecimento da atividade supermercadista como essencial da economia, a regulamentação da terceirização, entre outras. E acredito que, se esse trabalho que estamos realizando na Unecs continuar, nos próximos anos a entidade se tornará ainda mais forte.
Na pauta da Unecs, além das demandas citadas anteriormente, referentes ao setor de supermercados, também consta: regulamentação e implantação do cadastro positivo, isonomia tributária, representação e aprovação da lei da gorjeta, combate à verticalização do sistema financeiro no País e suas nocivas consequências para a sociedade, como o elevado spread bancário e os altíssimos custos atrelados aos meios de pagamento, abertura de mercado, com mais equilíbrio fiscal e tributário, para maior desenvolvimento do varejo, geração de empregos e de riquezas para o Brasil, melhoria da competitividade interna e benefícios para o consumidor, entre outras.
Fonte: Revista Superhiper - edição Janeiro de 2019
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