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Industrializados vendem 4,5% mais em 2014 13/03/2015 às 15h

Por Wagner Hilário


Num ano fraco para o PIB nacional e de desaquecimento na expansão de vendas do
varejo, estudo da Nielsen revela crescimento acima da média dos últimos anos entre
os bens de consumo industrializados


O estudo Líderes de Vendas 2015 mostra que os bens de consumo industrializados tiveram desempenho de vendas, em 2014, bastante superior ao da economia brasileira, que ficou estagnada, e contribuíram significativamente para a expansão de 2,24% (dados Abras) do faturamento do autosserviço. De acordo com o estudo, realizado pela Nielsen em parceria com a revista SuperHiper, o volume de vendas dos industrializados cresceu 4,5% em 2014, contra 0,7% em 2013. Em faturamento, a expansão real foi de 5,1%.


A razão para esse desempenho excepcional em relação a outros indicadores foi o primeiro semestre de 2014, quando graças ao “verão estendido” e também à Copa do Mundo, algumas categorias tiveram as vendas fortemente incrementadas.
“Cerveja, refrigerante, sorvete, salgadinho, pão e industrializados de carne fizeram com que o desempenho do varejo se destacasse no primeiro semestre. Além disso, nossa pesquisa não contempla os produtos que mais perderam vendas, sobretudo não alimentares, como eletro, bazar e têxtil. Também não leva em conta hortifrútis, itens de açougue nem de padaria”, explica a gerente de Atendimento ao Varejo da Nielsen, Maria Fernanda Celidonio.


Quando se analisa a variação no volume vendido por cesta, descobre-se que as bebidas alcoólicas foram as que mais cresceram: 11,6%. Em receita, o crescimento da cesta foi ainda maior: 12,9%. A segunda cesta que mais cresceu foi a de perecíveis (9% em volume e 11,2% em faturamento), onde se inserem sorvete, salgadinho, pães e carnes industrializadas. “Se o desempenho no varejo foi muito bom no primeiro semestre, por causa dessas categorias, o segundo semestre foi de desaceleração contínua em quase todos os bens de consumo que auditamos”, diz Maria Fernanda.


Na categoria cerveja, que foi a grande estrela da cesta de bebidas alcoólicas, o volume de vendas chegou a crescer 17,7% no trimestre abrangendo junho, julho e agosto, em relação ao mesmo período de 2013. Mas o trimestre composto por agosto, setembro e novembro cresceu 6,3% e outubro, novembro e dezembro: 3,6%. Em sorvete, ponto alto das vendas da cesta de perecíveis, o forte desempenho no “verão estendido” e a desaceleração nos demais meses do ano fica ainda mais evidente. Até abril, o crescimento no volume de vendas da categoria girava em torno de 40%. Mas daí em diante, a expansão em relação ao ano anterior só desacelerou e no último trimestre de 2014 ficou em 2,5%.


Exceções


Em 2014, apenas uma cesta não cresceu: Outros. Constituída, sobretudo, de categorias de bazar, teve queda de -4,5% no volume de vendas. Em faturamento, assim como as demais cestas auditadas pela Nielsen, também houve expansão, embora tímida, 0,3%. Segundo Maria Fernanda, a grande responsável pelo desempenho ruim da cesta Outros é a categoria cigarros, que perdeu -8,2% de vendas em 2014. “Duas razões para a queda acentuada nas vendas da categoria: aumento de preço e a crescente busca das pessoas por uma vida saudável.”
Vale lembrar que cigarro é a categoria mais representativa dessa cesta, o que explica porque sua queda tem impacto direto sobre o desempenho global dela.
Além de cigarro, outras categorias apresentaram queda significativa no volume de vendas em 2014, casos de açúcar e bebida à base de soja, que tiveram, espectivamente, retração de -8,1% e -13,8%.


“Há uma tendência de queda no consumo de commodities no Brasil e o açúcar também é atingido por essa tendência. As razões para a queda no consumo de commodities são, basicamente, a busca do consumidor contemporâneo por praticidade e saúde. Nessa linha, vemos as vendas de massas instantâneas crescerem e as de massas tradicionais caírem; as de adoçantes crescerem e as de açúcares caírem.”


Formatos


O período de forte pressão inflacionária vivido pelo mercado de consumo brasileiro em 2014 não foi capaz de reverter a tendência de compra picada que vem se consolidando há anos no Brasil e fortalece as lojas menores: supermercados de vizinhança e de conveniência. 


Como tem sido praxe nos últimos anos, mais uma vez esses formatos de loja cresceram mais do que as grandes superfícies. Assim como a maior parte das cestas teve expansão de vendas, também a maioria dos formatos cresceu em 2014. Apenas as grandes lojas, aquelas com 20 ou mais check-outs, apresentaram queda nas vendas: -0,9% em volume vendido e -0,7 em faturamento.


O grande destaque positivo de 2014 foram as lojas de 5 a 9 checkouts (supermercados de vizinhança), cujo volume de vendas teve expansão de 7,3%, contra 2% em 2013. As lojas de conveniência, de 1 a 4 check-outs, que puxaram as vendas em 2013 com expansão de 9,1%, no ano passado cresceram 5,5%; um bom desempenho considerando a forte base de comparação.


“Os diferentes canais de vendas seguem missões distintas e as superfícies menores continuam se beneficiando das compras de conveniência e proximidade”, diz Maria Fernanda. Mas segundo a gerente da Nielsen, as compras de abastecimento ganharam importância no cenário de pressão inflacionária.


Porém, não foram as lojas com 20 ou mais check-outs que se aproveitaram disso, mas as que têm entre 10 e 19 check-outs, que cresceram 4,8% em 2014, depois de terem tido retração de -0,3% nas vendas em 2013. “As compras de abastecimento crescem e isso se reflete no cash & carry, onde as vendas cresceram 8,5% em 2014.” Pelos dados, o shopper está trocando de formato quando a missão de compra é o abastecimento.




Veículo: Revista SuperHiper edição de Março de 2015



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