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HCFC-22: o que fazer? 07/01/2015 às 02h

Por Susana Ferraz*  





A ABRAS vem acompanhando atentamente as mudanças de mercado e atua para esclarecer o setor supermercadista quanto à adoção de boas práticas na área de refrigeração das lojas e também quanto à redução do uso do fluido refrigerante HCFC-22 (ou R-22). Nesse trabalho, a entidade nacional do setor conseguiu identificar que nos próximos anos o R-22 continuará sofrendo elevação de preços no mercado. Mas, como em 2020 o corte de importação deste gás pelo governo será muito alto (ver tabela), as soluções envolvendo troca de fluido devem ser pensadas desde já pelos supermercadistas. 




Vale a pena, em curto prazo,  investir em uma melhor manutenção da área de refrigeração das lojas, nas boas práticas, e ao mesmo tempo planejar soluções a médio e longo prazo. 


O importante recado de Paulo Neulaender, vice-presidente de Meio Ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento  (Abrava) -  e diretor da empresa GPS Neulaender Consultoria e Treinamento, com experiência de mais de 30 anos no mercado de refrigeração e ar condicionado,  é: “não deixe para  2020 o que pode fazer hoje!”. 


Confira a entrevista completa a seguir:


Portal ABRAS. O preço do R-22 está aumentando a cada dia, o que preocupa muitos empresários. É possível que esta alta seja especulativa e que o preço do R-22 venha baixar no mercado, no futuro? 


Paulo Neulaender - Não. O preço do R-22 deve continuar aumentando, porque o consumo é muito grande no Brasil. Se você  não comprar,  outro empresário vai comprar. Em um ano (de agosto de 2013/agosto 2014) o preço do R-22 subiu 120%. Foi de 15 reais para 35 reais – descartável de 13,6 litros. Acredito que nos próximos dois anos (2015/2016) deve crescer pelo menos mais 50%, sendo otimista. 


No mundo, o preço do R-22 também está aumentando?


Sim, isso acontece mundialmente. Vários países e fabricantes estão trabalhando para reduzir/eliminar o uso deste fluido frigorífico. Na Europa, da carga inicial, a loja pode repor no máximo 20%. Mais que isso é taxa e multa. No Brasil, da carga inicial, depois do primeiro ano a empresa já pode repor 100 %, sendo todo o gás jogado no meio ambiente. As empresas, no geral, preferem dar nova carga de gás no sistema, do que fazer a manutenção preventiva.


A alta de preços do R-22 é maior no Norte/Nordeste, por quê?


O preço sobe diferentemente dependendo das regiões do País. No Sul e Sudeste este gás é mais barato. No Norte e Nordeste é mais caro, por causa da logística de distribuição. Portanto, os supermercados destas regiões vão sentir o maior impacto.


É possível faltar R-22 no mercado?


O IBAMA controla bem as importações, que são realizadas principalmente por quatro grandes empresas, que atuam para que a distribuição ocorra de forma bem ordenada. Acredito que vamos ter abastecimento normal, sem falta deste fluido, até 2018.  

Somente em 2020 deve ocorrer maior impacto no mercado, pois neste ano o IBAMA diminuirá a importação do R-22 em 35%.  O setor supermercadista  consome uma média de 600 toneladas ao mês de R-22 (no Brasil). Com o corte, vão tirar 250 toneladas, do dia para a noite.  É um volume muito grande. 


O que o sr. diria para o empresário que tem, por exemplo, uma loja com R-22? Como esse empresário pode se prevenir?


Sem dúvida, esse empresário precisa se preparar. Em 2020 o R-22 vai estar comprometido para todos que o usam. Esse proprietário pode ficar sem o R-22 e ele vai ter de fazer um grande investimento de uma só vez, caso não tenha optado por uma solução antes. 

A primeira solução é fazer a manutenção preventiva. Só com a manutenção preventiva bem feita, o supermercado vai economizar de 5% a 20% de gás e energia.  É muito dinheiro!


Há ainda a opção da reciclagem do R-22. A reciclagem é viável no Brasil?


Sem dúvida, é viável reciclar ou regenerar o R-22. Se o Brasil tivesse uma política de reciclagem, o R-22 poderia durar muitos anos mais no mercado. Infelizmente, a manutenção preventiva nas lojas é muito ruim. Os empresários em geral não olham se a manutenção é boa e as falhas ocorrem em pequenas coisas, como soldas, flanges, etc.

Somente com a reciclagem do R-22 é possível uma economia de 30%, em relação ao gás novo.  

Cada quilo que você joga na atmosfera, você joga 35 reais.  E isso hoje é um crime ambiental, passível de fiscalização pelo IBAMA.  

Hoje a reciclagem do R-22 é viável em todo o Brasil.  É  possível, inclusive,  comprar uma máquina para reciclar gás (cerca de R$ 10 mil), e pagá-la com a própria economia de gás. 


E as outras soluções?


Outra opção é o retrofit. Ou seja, fazer a manutenção preventiva somada à troca do gás R-22 por outro gás (o gás do retrofit  é da família do HFC - hoje esse gás é mais caro, como o 404-A, por exemplo, entre outros). Com o retrofit, o empresário poderá rodar o mesmo equipamento por pelo menos mais 10 anos – evitando altos investimentos, até que uma solução tecnológica mais eficiente e com melhor custo seja disponibilizada no mercado internacional (há inúmeras pesquisas sendo realizadas no momento em todo o mundo).


O custo-benefício do 404-A é bom, na sua opinião?


Apesar de ser um gás com alto GWP – potencial de aquecimento global – não há até o momento legislação para restringir o uso deste gás no Brasil.  Portanto, o 404-A é sim uma solução de bom custo-benefício.  


Qual o seu recado final para o empresário supermercadista? 


Não monte lojas novas com o R-22. Utilize novas tecnologias, novos equipamentos refrigerados.  Mas, caso já tenha lojas com R-22, antes de 2020, a primeira opção é recolher e reciclar o R-22e fazer retrofit do sistema. 

Sem dúvida, há uma cesta de soluções que podem atender a cada empresa, dependendo da sua situação. Cada aplicação vai ter um gás. O 404-A ainda é uma solução viável para baixas temperaturas. O CO2 é utilizado para temperatura médias, como para balcões (5 a 10 graus). O glicol é mais um fluido que ajuda a diminuir a carga dos gases refrigerantes, enfim, vale a pena planejar e aguardar novas tecnologias, mais eficientes, que já estão sendo pesquisadas em todo o mundo. Acredito que elas devem ser lançadas no mercado antes de 2020.



*Por Susana Ferraz, assessora de Comunicação da Abras, responsável pelo PORTAL ABRAS, e diretora da Sete Estrelas Comunicação. Jornalista que acompanha os trabalhos do GT-HCFC desde 2008, quando a ABRAS assinou o primeiro acordo setorial com o Ministério do Meio Ambiente, para incentivar as boas práticas de refrigeração no setor.


Mais informações, acesse:

http://www.abras.com.br/supermercadosustentavel/categoria/loja-verde/refrigeracao/ 

https://www.facebook.com/camadadeozonioerefrigeracaoeclima 

www.ambientegelado.com.br

 



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