Em 2018, as vendas de bens de consumo industrializados, no autosserviço brasileiro, caíram pelo terceiro ano consecutivo. No ano passado, o volume comercializado pelo autosserviço, desconsiderando o canal cash & carry, teve retração de 2,9%, ante os 2,4% de queda registrada em 2017. Considerando todo o varejo alimentar, a retração consolidada foi de 2,8%.
Ao analisar o desempenho dos canais do varejo, especificamente os dedicados ao abastecimento dos lares, o supermercado teve mais um ano satisfatório e registrou, pela segunda vez, aumento no volume comercializado. Em 2018, o formato cresceu 3% em volume, resultado que supera em 0,7 ponto percentual a alta do ano anterior. Para fins de histórico, em 2016, as vendas neste canal haviam retraído 3,3%. Já o cash & carry segue colecionando altas de dois dígitos, com salto de 12,3% no volume comercializado.
No campo dos desempenhos negativos, observa-se que as mercearias seguem como o canal mais impactado, com queda de 7% em volume - praticamente o mesmo nível de retratação registrado no ano anterior. Lojas de vizinhança tiveram novo recuo, dessa vez de 2,9%, e o canal hipermercado seguiu o movimento de queda mais acentuada, com retração de 6,3% no volume comercializado.
Desempenho das cestas
O modelo de cestas, com suas respectivas subcestas, seguidos pela Nielsen, visa seguir a ótica do consumidor, pautada no conceito de soluções de compras. Neste universo, a maior parte delas apresentou retração no ano passado, considerando o total autosserviço (veja tabela). Válido observar que as cestas de alimentos e bebidas apresentaram queda mais acentuada em relação a 2017.
Já as seções de bazar, higiene e beleza e limpeza registram desempenho mais satisfatório — essa última, inclusive, com saldo positivo em volume (1,7% ante -0,5%).
A cesta de bebidas, uma das mais representativas em termos de participação nas vendas, teve queda no volume comercializado de 3,1%, com destaque para o segmento de não alcoólicos, cuja retração foi de 4,5%.
Do lado das bebidas alcoólicas, em compensação, houve um tímido saldo positivo, de 0,6%, reforçando o movimento de redução do consumo fora do lar. Na cesta de alimentos, que retraiu 4,2% no autosserviço, as maiores retrações ficaram por conta dos chamados culinários e da subcesta café da manhã, que tiveram, respectivamente, quedas de 5,6% e de 2,7%.
Por outro lado, os snacks e o segmento de nutrição, que negativaram em 2017, tiveram saldo positivo no ano passado, de 1% e 0,4%, respectivamente. Em higiene e beleza, a retração ficou em 1,8%, o que significa que houve nova desaceleração na queda consolidada desta seção, visto que, em 2017, o recuo fora de 2,2% e, em 2016, a queda registrada havia sido de 5,9%. O resultado, em questão, indica que o consumidor voltou a lhe proporcionar alguns agrados, corroborando a vocação autoindulgente deste segmento.
A desaceleração da queda registrada no ano passado foi puxada pelas subcestas de cuidado com a beleza, cujo volume cresceu 1,8%, e de cuidado com bebês, que teve retração, mas bem inferior em relação ao ano anterior: -1,4%, em 2018, e -6,3% em 2017. Por fim, considerando as seções de maior giro, a de limpeza apresentou melhora no consumo e conseguiu fechar o ano de 2018 com saldo positivo no volume comercializado, de 1,7%. Os segmentos de casa e roupa ficaram no azul. Já no campo do bazar, houve significativo avanço. Enquanto o volume vendido caiu 6,7% em 2017, as vendas desta seção, no ano passado, cresceram 0,7%.
Otimismo continua
A economia brasileira registrou novo crescimento no ano passado e, para 2019, as perspectivas do mercado financeiro são otimistas, que prevê crescimento em todos os fundamentos da economia. Para este ano, o mercado prevê crescimento de 2,5% do PIB, inflação controlada, retorno dos investimentos e melhorias na criação de postos de trabalho. Tudo isso contribuirá para o consumo e será benéfico para a atividade supermercadista. A projeção inicial do setor é de 3% de crescimento neste ano.
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